O estresse causado pela revelação da apresentadora Xuxa, de que sofreu abuso sexual até os 13 anos, e pela avalanche de pedidos de entrevista e mensagens sobre o tema abalaram a nadadora Joanna Maranhão. O assunto ainda é delicado para a atleta, que contou ter sofrido abuso de um ex-treinador na infância. A revelação foi feita em 2008.
"É lógico que me chocou, é lógico que me entristeceu ver que mais uma vez a banalidade dos crimes sexuais tem proporções gigantescas. Todo processo doloroso de verbalizar e fazer terapia eu já fiz e, no momento, a minha vida está 100% focada no meu esporte, na minha carreira e na minha performance. Para buscar os meus sonhos eu preciso de paz: física e mental", escreveu a atleta em seu site.
Joanna afirmou que sofreu um desmaio causado por estresse após a repercussão do caso de Xuxa.
"Não estou me negando de maneira alguma a continuar na luta pela causa, apenas peço encarecidamente que respeitem o meu momento. O meu trabalho é minha terapia hoje, é o que me faz bem, me dá prazer e me motiva. Cada vitória minha na carreira é vitória de todos que lutam pela causa", disse.
A nadadora explicou que não quer mais dar entrevistas sobre o assunto. Ela está treinando para disputar sua terceira Olimpíada (tem índice para os 400 m medley).
Em Atenas-2004, Joanna ficou em quinto lugar nos 400 m medley, a melhor colocação de uma mulher brasileira na natação ao lado de Piedade Coutinho, em Londres-1948. Desde então, não repetiu resultados tão expressivos internacionalmente.
"Não se faz mais necessário ficar falando novamente sobre o que passei, não ganho nada com isso a não ser lembranças ruins e sentimentos dolorosos, portanto, daqui pra frente falo apenas do meu presente e do meu futuro. Quero deixar meus sentimentos para a apresentadora Xuxa que demonstrou muita coragem e verdade nas suas palavras, peço que Deus a ilumine e que o amor de sua família e sua filha sejam esteio para que ela siga em frente."
SEM INVESTIGAÇÃO
O caso de abuso sofrido pela nadadora brasileira também ficou sem investigação, a exemplo do que acontecerá com Xuxa.
A atleta contou ter sido vítima de abuso de um ex-técnico quando tinha 9 anos. Ela ficou calada por 12 anos até, em 2008, quebrar o silêncio. De acordo com a nadadora, o trauma de infância a fez desenvolver até medo de entrar na água.
Joanna não pôde processar o ex-treinador pois já tinha 21 anos quando revelou a história. O crime prescreveu. Ele processou a atleta e a mãe dela por difamação.
Neste ano foi aprovada uma lei que ganhou o nome de Joanna Maranhão e estabelece que o prazo de prescrição dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes deve passar a contar a partir do momento em que a pessoa abusada completa 18 anos. O texto foi para sanção presidencial.
Atualmente o prazo de prescrição começa quando o crime é praticado. Muitas vezes, prescreve antes mesmo de a pessoa completar a maioridade ou prescreve logo depois
Nenhum comentário:
Postar um comentário