sexta-feira, 13 de abril de 2012

Para poder estudar, alunos pagam conta de luz de escola rural de MT


Estudantes de unidade rural de Confresa denunciaram situação à Seduc.
Secretaria de Educação diz que investigará assessora pedagógica.


Alunos reclamam da falta de infraestrutura de escola rural  (Foto: Agência da Notícia )



Alunos da unidade anexa à Escola Estadual Sol Nascente, na zona rural do município de Confresa, a 1.160 quilômetros de Cuiabá, alegam que para poder estudar precisam pagar a conta de energia elétrica da escola. Um dos 17 alunos do curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que não quis se identificar, disse ao G1 que pagar a conta de energia elétrica é apenas um dos muitos problemas enfrentados na unidade.

“Na escola temos uma série de problemas. Não temos banheiro, bebedouro, água, energia elétrica e os portões estão para cair. A situação está muito difícil. O ônibus rural só passa das 7h às 13h, sendo que nossa aula é a tarde. Já reclamamos várias vezes, mas a situação nunca foi resolvida”, ressaltou o rapaz. Os estudantes que denunciam a situação frequentam aulas na unidade anexa à Escola Sol Nascente, que conta com duas salas de aula para atender o EJA.
O secretário de Educação de Mato Grosso, Ságuas Moraes, disse ao G1 reconhecer a situação da escola e afirmou que trata-se de um problema interno da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT). Segundo ele, a autorização de formação de novas unidades anexas de ensino, como é o caso da sala dos alunos do EJA da Escola Sol Nascente, é de responsabilidade da assessoria pedagógica do município.
Quando uma escola tem alunos que moram muito longe ou na zona rural, como nesta escola, a diretoria faz uma solicitação para criar uma unidade anexa. Depois a assessoria pedagógica vai até o local verificar as condições de infraestrutura para autorizar ou não a nova unidade. O fato é que em relação a esta escola vamos abrir um processo administrativo contra a assessora pedagógica para investigar em que condições isso aconteceu”, explicou o secretário. A equipe do G1 tentou entrar em contato com a assessora pedagógica do município, Evany Costa, no entanto, não obteve resposta.
Ainda de acordo com o rapaz que não quis se identificar, em 2011, a turma pagou a conta de energia elétrica do ano todo. Segundo ele, a escola está praticamente locada no pátio de uma igreja e a água usada por eles é retirada do poço que está no local. “Como estamos praticamente no pátio da igreja e não temos energia, usamos energia deles [da comunidade]. E eles cobram de nós a conta, já que nós usamos a bomba que puxa água do poço”, ressaltou o rapaz.
O aluno afirmou ainda que cada conta de energia fica em torno de R$ 25. Ele explica que mensalmente o valor é dividido entre os estudantes. “Todos temos que pagar mas tem aqueles que não podem pagar. Mesmo assim a pessoa frequenta aula”, ponderou. Com relação à falta de água para consumir na escola, o rapaz explica que cada um dos 17 alunos leva garrafas pet ou garrafas térmicas todos os dias.
Para o estudante, solucionar o problema de infraestrutura da escola não é tão difícil. “Hoje nós temos duas salas de aula precárias. Não precisa a Seduc construir mais salas para nós. Se eles arrumarem uma delas já é suficiente, somos apenas em 17 alunos”, sugeriu o aluno.

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